terça-feira, 6 de maio de 2014

Incêndio suspeito na Ocupação Guarani Kaiowá - Contagem/MG

Dois barracos em chamas no centro da Ocupação

6 de maio de 2014 às 15:36


No último sábado, dia 3 de maio de 2014, a Ocupação Guarani Kaiowá (150 famílias, Contagem - MG) foi vítima de um incêndio muito suspeito. Por volta das 22 horas, dois barracos de maderite onde viviam duas famílias, se incendiaram rapidamente sem que os moradores conseguissem retiraram seus móveis e pertences. Com a ajuda de vizinhos e com um pouco de sorte, ninguém se feriu, mas as casas restaram completamente destruídas.

A forma como este incêndio se deu levanta sérias suspeitas. Segundo relatos dos moradores, nenhuma causa está evidente para o iniciou do fogo, não havia nenhuma vela acesa, fogão ou fiação exposta a curto circuito. E o que mais causa estranheza é que um helicóptero, em baixa altura, sobrevou o território da comunidade, horas antes, isto é, já durante a noite.

Não se pode afirmar com segurança que o incêndio foi criminoso com o intuito de facilitar ou promover o despejo ilegal. Mas também não se pode afirmar o contrário. Sabe-se, na verdade, que este tipo de prática é recorrente em outras capitais do país, onde favelas e comunidades inteiras entram em chamas em áreas cobiçadas pela especulação imobiliária. Em Belo Horizonte, tem-se dois tristes precedentes, o caso das Torres Gêmeas (Santa Tereza) e o da Vila da Paz (Anel Rodoviário). Em ambos, após incêndios não investigados, as famílias moradoras da ocupações foram impedidas de retornar para suas casas, restando evidente a realização de despejos dissimulados.

A situação da Ocupação

A Ocupação Guarani Kaiowá encontra-se em situação delicada. Apesar de evidenciar várias conquistas depois de um ano da ocupação do imóvel completamente abandonado e ocioso, consolidando o direito à moradia para 150 famílias e construindo uma comunidade organizada, o Tribunal de Justiça de MG acatou recurso jurídico da Construtora Mushione e autorizou a realização do despejo.

O risco não é iminente porque a Ocupação está participando de mesa de negociação com o Governo do Estado (junto com as ocupações Rosa Leão, Esperança, Vitória e Willian Rosa). E também conquistou, há duas semanas, compromisso do próprio TJMG de buscar saída pacífica, justa e negociada, através do auxílio da 3° Vice - Presidência deste Tribunal, especializada em mediação de conflitos.

Agora é preciso que a rede de solidariedade mantenha-se atenta para a defesa da comunidade e dos direitos de seus moradores. Após mais de 20 anos do proclamado Estado Democrático de Direito brasileiro, a sociedade civil organizada não pode admitir situações de tamanha ilegalidade e barbárie, como no caso de despejos realizados por incêndios criminosos. Exigimos que se inicie o devido processo investigativo para apurar as causas do incêndio e que se repudie a todo custo situações como essa.

Campanha de Solidariedade

Maura da Silva, 45 anos, mulher brasileira e trabalhadora assalariada, foi morar na ocupação porque não aguentava mais viver indignamente em um barraco inadequado e alugado na favela. Diante do infortunio ou do crime, perdeu todos os bens, mas se mantém firme por não ter tido perdas maiores. O tio e a mãe, ambos idosos, foram retirados as pressas antes que o incêndio atingisse todo o barraco.

Maria de Loures, 42 anos, morava no barraco de madeirite há 6 meses na ocupação, desempregada, não conseguiu arcar mais com o aluguel oneroso. Também perdeu todos os moveis, geladeira e fogão. E com a mesma sorte, estava na casa de um vizinho no momento em que o fogo se alatrou.

Apelamos agora a sociedade civil e a rede de solidariedade para que ambas famílias possam recurperar aquilo que consquistaram em anos de trabalho. Necessitam de geladeira, fogão, camas, armários e demais movéis e letrodomésticos comuns aos lares brasileiros, além de materiais de construção para reeguerem seus lares!

Apoiadores interessados em colaborar com as famílias entrar em contato com:

Érica Spechit: 88699997 (Oi)
André Lima: 94007351 (Tim)

Frente Reforma Urbana  - Brigadas Populares

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